Luiz Antônio de Castro Santos

Por Carlos Henrique Paiva (Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz)

Luiz Antônio de Castro Santos (Campinas-SP, 1945) é autor de textos que combinam a abordagens sociológica e histórica de forma precursora nas análises sobre saúde pública e pensamento social no cenário brasileiro. No contexto dos anos 1980, quando a sociologia histórica pouco se aventurava por estabelecer relações entre a saúde pública e a história do Brasil, Castro Santos publicava suas primeiras contribuições para os estudos sobre a reforma sanitária em São Paulo e na Bahia nas primeiras décadas do século XX. Desta época, vieram à público os primeiros trabalhos que, a partir de sua tese de doutorado, defendida na Universidade de Harvard em 1987, não só estabeleceriam de forma seminal diferentes relações entre saúde, pensamento social e políticas de saúde no país, como também, por esta via, abririam caminho para uma vertente de estudos históricos que, a partir destes mesmos trabalhos, aprofundaria o conhecimento sobre diferentes questões de interesse para historiadores e cientistas sociais interessados em saúde pública e pensamento social brasileiro, mas também entre sanitaristas e pesquisadores da saúde pública e coletiva.

Castro Santos inicia sua atividade profissional no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) em agosto de 1985. Cerca de 12 anos depois, em meados de 1997, se instala no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ), uma instituição que desde meados dos anos 1970 desempenhava papel de destaque nas discussões e iniciativas relativas à chamada reforma sanitária brasileira. No IMS/Uerj, Castro Santos conduziu importantes pesquisas no campo da sociologia histórica da saúde. Estudos que abriram caminho para diversos pesquisadores que, desde então, voltaram-se para as diferentes relações entre saúde internacional, nacionalismo e saúde pública, pensamento social e história das profissões de saúde no país.

O pioneirismo se fez acompanhar por uma trajetória constantemente dedicada à formação de jovens pesquisadores, mas também de atenção e contribuição a diferentes problemáticas, sejam relativas à ética em pesquisa, sejam na defesa da educação básica universal e de qualidade. No que se refere à ética em pesquisa, sensível às peculiaridades da pesquisa social, Castro Santos defende a criação da Plataforma Brasil-Humanas, como um recurso independente para as Ciências Humanas e Sociais. No terreno da educação pública, ele se posiciona em favor da recuperação urgente da escola pública e do Ensino Básico em tempo integral, em todo o Brasil, tal como idealizado por Darcy Ribeiro. Essas e outras questões ganharam centralidade não só em textos mais recentes, mas também em palestras feitas em diferentes associações e instituições da ciência e do ensino em nosso país.

Em 2015, já aposentado no IMS/Uerj, Castro Santos migrou para a cidade de Porto Seguro, Bahia, onde se envolveu com o inovador projeto da Universidade Federal do Sul da Bahia, então conduzido pelo professor Naomar de Almeida Filho. Como professor-visitante na UFSBA, Castro Santos contribuiu em diferentes frentes, destaque para suas atividades docentes no Mestrado Profissional em Saúde da Família (Profsaúde), empreendimento dedicado à formação de profissionais para atuação direta na Atenção Primária à Saúde e no Sistema Único de Saúde.

Sugestões de obras do autor:

CASTRO SANTOS, Luiz Antônio de. O PENSAMENTO SOCIAL NO BRASIL: ESTILOS, IDIOMAS. 2. ed. Rio de Janeiro: Gramma & EdUERJ, 2017. v. 1. 289p.

CASTRO SANTOS, Luiz Antônio de. Contrapontos: Ensaios sobre Saúde e Sociedade. 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013. v. 1. 252p
CASTRO SANTOS, Luiz Antônio de; FARIA, Lina. Saúde & História. São Paulo: HUCITEC, 2010. 328p

Sobre o autor:

Entrevista: CASTRO SANTOS, Luiz Antônio de; PAIVA, Carlos Henrique Assunção; PIRES-ALVES, Fernando ; TEIXEIRA, Luiz Antonio. Lutas pela história da saúde: perspectivas sobre as ciências sociais em saúde a partir da trajetória intelectual de Luiz Antônio de Castro Santos. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 26, p. 993-1012, 2019.