Fronteiras dos Movimentos Sociais

Publicado em 17 de dezembro de 2020

Por José Szwako (Iesp-UERJ)

Monika Dowbor (Unisinos)

Matheus M. Pereira (UVV)

Neste post, os organizadores do dossiê Fronteiras dos Movimentos Sociais realizam um balanço dos temas e problemas tratados pelos artigos reunidos no v. 8, n. 20 de 2020, da Revista Brasileira de Sociologia.

Não têm sido poucos, nem simples, os desafios encarados pelos estudos de movimentos sociais no Brasil.

Se os governos tucanos e, sobretudo, petistas já tinham complexificado as agendas de pesquisa, demandando fôlego e imaginação para não reificar conceitos, relações e personagens, o cenário pós-2013 reatualizou as forças e formas de mobilização vigentes na sociedade brasileira, demandando, mais uma vez, fôlego e imaginação de parte de nossas análises.

O dossiê ora publicado pela Revista Brasileira de Sociologia, “Fronteiras dos Movimentos Sociais”, se inscreve em dupla chave. De um lado, dá continuidade e amplia o ritmo inovador que vem marcando a produção teórica sobre movimentos sociais no país – ritmo, aliás, visível em fóruns como os eventos da SBS e da Anpocs. O dossiê é, de outro lado, interpelado pelas forças e aporias que marcam as tramas sociopolíticas nas quais a própria noção de “novos personagens” tem seu sentido disputado.

A “novidade” hoje não é apenas referida ao progressismo e a atores de corte popular tal como foi um dia, à la Sader. Enquanto o termo “novo” pode contemporaneamente nomear até mesmo a partidos de feição neoliberal, pipocam no país movimentos de direita e de extrema direita apoiadores do atual presidente, e por ele apoiados, que reivindicam um imaginário “novo Brasil”. Assim, o primeiro eixo de discussões deste dossiê gira ao redor dos contramovimentos, dada a necessidade a um só tempo teórica e política de compreendê-los sempre de modo contextual e relacional.

Ainda analisando as novidades que emergem em oposição a movimentos de corte popular e progressista, esse dossiê reúne análises sobre processos de repressão política e suas transformações no Brasil contemporâneo. Se a repressão ao ativismo não é uma “novidade” no campo político, certamente as recentes transformações nos “repertórios da repressão” – como o uso ostensivo de tecnologias da informação e da comunicação para o controle social pelas forças policiais – têm impactado de maneiras decisivas as dinâmicas de organização e mobilização coletivas.

Mas não é somente como matriz fundante de discursos conservadores ou francamente antidemocráticos, nem apenas com as transformações nos processos repressivos, que o “novo” retorna na sociedade civil e nas agendas de pesquisa. São também as forças clivadas e interseccionadas por gênero, sexualidade e raça e, ainda, formas de mobilização estudantil que atualizam os sentidos dessa novidade. Os chamados coletivos constituem assim outro eixo de interesse deste dossiê. Reivindicando mais horizontalidade e mais democracia, eles herdam matrizes de outrora e simultaneamente lhes dão feição inovadora. Tal como as “marchas” e “redes” emergentes, eles podem então ser entendidos como repertórios organizacionais, isto é, como formas de articular identidades e de coordenar a ação, sendo sempre formas parcialmente inovadoras de mobilização. Porém, como argumentamos em nossa introdução, de pouco ou de nada adianta projetar sobre os “coletivos” os anseios e normatividades que tendem (reiteradamente) a marcar os estudos e estudiosos de movimentos sociais; estudos, vale notar, sempre em busca de um “sujeito emancipatório”, de uma “novidade” que poderá redimir e encarnar os valores imaculados de uma teoria nunca realizada.

No seu todo, centrado nas questões dos contramovimentos, da repressão e dos coletivos, nosso dossiê explora debates sobre fenômenos e abordagens que, há algum tempo, têm ganhado atenção de pesquisas de movimentos sociais, expandindo as fronteiras analítico-conceituais desse campo de estudos e, assim, desafiando-o. Seja como for, nosso espírito teórico é de acúmulo. Quer dizer, longe de pretendermos ver descontinuidades cognitivas, esperamos com este dossiê enriquecer nossa área de pesquisas ao contribuir para o processo de ampliação de suas fronteiras tanto temáticas como analíticas.

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📢 Chamada de Artigos para Revista Brasileira de Sociologia!📷 Dossiê IMAGENS NA ERA DIGITAL: DIÁLOGOS E CONFLUÊNCIAS ENTRE A SOCIOLOGIA DIGITAL E A SOCIOLOGIA DAS IMAGENSDesde o século XIX, a [re]produção e a difusão de imagens por meio de aparatos mecânicos e eletrônicos participam das construções e transformações nas formas de ver, apresentar e reconhecer a “realidade”. Independentemente de suas finalidades, o uso de imagens desempenha um papel crucial na construção de narrativas históricas e sociais.🔍 Propondo diálogos entre a Sociologia Digital e a Sociologia das Imagens, convidamos autores e autoras a contribuir com ensaios e artigos que explorem as imagens nas mídias digitais como objetos de investigação. Queremos compreender as redes de significados que essas imagens mobilizam, expressando relações de poder, formas de valoração e legitimação, e os conflitos inerentes a elas na construção social do real.💡 Privilegiamos textos que abordem as culturas contemporâneas das imagens e do audiovisual, refletindo sobre como as novas tecnologias de comunicação e informação influenciam o uso, produção, difusão e consumo de imagens hoje. Desde questões sobre mudanças no processo de distribuição de conteúdo até reflexões sobre a mediação algorítmica e a arquitetura das plataformas digitais, todas as perspectivas são bem-vindas!📝 Se você pesquisa imagens estáticas ou em movimento, como fotografia e filmes, e está interessado(a) em contribuir para este importante diálogo, envie seu artigo até 15/05/2024 para rbs.sbsociologia.com.br . E#RevistaBrasileiraDeSociologia #ChamadaDeArtigos #ImagensNaEraDigital #SociologiaDigital #SociologiaDasImagens ... Ver maisVer menos
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No Dia Internacional pelos Direitos das Mulheres, honramos e celebramos a coragem, a resiliência e a luta incansável por igualdade e justiça.No entanto, ainda há muito a ser feito. Devemos continuar a apoiar a ocupação das mulheres em todos os espaços de representação, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e reconhecidas. Que possamos não só celebrar, mas também renovar nosso compromisso com uma sociedade onde todas as mulheres possam prosperar livremente, sem medo e com dignidade.#sociedadebrasileiradesociologia #8M #diainternacionaldasmulheres #luta #coragem #igualdade ... Ver maisVer menos
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