A urdidura de um projeto coletivo: memórias de lutas na constituição de trabalhadores e militantes sindicais.

Publicado em 13 de agosto de 2021

Por Marilda A. de Menezes[1] (UFABC) e
Jaime Santos Júnior[2] (UFPR)

Neste post, Marilda Menezes e Jaime Santos Júnior apresentam a experiência da pesquisa coletiva “Memórias Brasileiras: Conflitos Sociais”, que resultou no livro Movimentos cruzados, histórias específicas: estudo comparativo das práticas sindicais e de greves entre metalúrgicos e canavieiros. Destacam como a experiência de um projeto com a participação de vários pesquisadores propicia, como trunfo, o cruzamento de matizes interpretativas.

Fonte: acervo do projeto.

Para começar pelo que é elementar em nosso ofício, sabemos que a prática científica não comunga com a imagem de uma atividade solitária, onde o pesquisador tem diante de si o desafio de produzir informações para compreender um aspecto da realidade, trabalhando isolado em seu gabinete. A dimensão coletiva da pesquisa envolve não apenas a participação de outros colegas em um projeto, o reconhecimento da nossa inserção numa comunidade interpretativa mais ampla, com a qual dialogamos e recuperamos as pistas deixadas por outros, mas sobretudo o suposto de assumir os nossos informantes como interlocutores da pesquisa. Este último aspecto é, ao que nos parece, uma das contribuições mais decisivas do projeto, coordenado pelos professores José Sérgio Leite Lopes e Beatriz Heredia, “Movimentos cruzados, histórias específicas. Análise comparativa dos ciclos de greves iniciados pelos metalúrgicos de São Paulo e do ABC Paulista e pelos canavieiros de Pernambuco no final dos anos 1970”, aprovado pelo Edital da Capes “Memórias Brasileiras: Conflitos Sociais”, de 2015. Que resultou, posteriormente, no livro “Movimentos cruzados, histórias específicas: estudo comparativo das práticas sindicais e de greves entre metalúrgicos e canavieiros”, organizado por José Sérgio Leite Lopes e Beatriz Heredia, publicado pela editora da UFRJ, em 2020, e laureado pela ANPOCS com o prêmio de melhor obra de Ciências Sociais daquele ano.

Levamos a termo o suposto de que a prática científica em Ciências Sociais é tributária dessa dimensão dialógica com os sujeitos da pesquisa, e é em conjunto com eles e elas que formulamos os nossos problemas. O projeto dá provas da fertilidade analítica desse arranjo e este será o fio condutor da narrativa em que relatamos a nossa experiência de participação. Antes, porém, tecemos algumas considerações sobre os principais objetivos da pesquisa como recurso para aclarar a compreensão do leitor.

Acercados enquanto campo de estudos, a ampla e variada literatura sobre sindicalismo e conflitos grevistas, na maneira como se desenvolveu no Brasil, não nos disse muito sobre o aparente fosso que separa as pesquisas sobre tais temas quando elas têm como lugar o espaço “urbano” e o “rural”. A fortuna crítica deixava transparecer uma sorte de cisão entre estes dois “mundos”. Não à toa a necessidade de apor o termo “rural” para diferenciar daqueles que estudam o trabalho e o sindicalismo em contexto urbano. O desafio a nós imposto era o de, por meio da análise comparativa, pensar uma narrativa conjunta entre dois grandes ciclos de greves ocorridos entre fins de 1970 e início de 1980: dos canavieiros, notadamente em Pernambuco; e dos metalúrgicos de São Paulo e do ABC Paulista.

O objetivo da análise comparativa era mediado por um conjunto de questões norteadoras, tais como: “a) que setores de trabalhadores no interior das respectivas categorias profissionais foram mais importantes na implementação do movimento? b) quais os repertórios de ação utilizados? c) qual o papel do uso da Justiça do Trabalho no desenrolar das greves e depois no cotidiano? d) com que tipos de assessorias contavam? e) que alianças foram estabelecidas com outros setores da população? f) que formas de comunicação tinham essas categorias metalúrgicas entre si e delas com o sindicalismo de trabalhadores rurais? g) como o movimento sindical trazia repercussões às famílias; h) como se dava a participação no movimento das mulheres; i) como o movimento dos anos 1970/1980 é visto pelas novas gerações?” (Leite Lopes & Heredia, 2019).

Dada a magnitude do adensamento de pesquisas sobre estes movimentos grevistas, é verdade que um pouco menor para o caso dos canavieiros, o leitor encontrará razão em se perguntar como seria possível reunir um conjunto variado de informações e alinhavá-las na chave de movimentos que, preservadas as suas especificidades, poderiam ser aproximados. A equipe montada para o projeto reuniu pesquisadores com larga experiência nos estudos sobre trabalhadores rurais e urbanos. Pela UFRJ, tivemos a participação de José Sergio Leite Lopes, Beatriz Heredia e Moacir Palmeira, entre outros, que já contavam com larga experiência de pesquisas na plantation canavieira de Pernambuco e Alagoas desde a década de 1960. Pela equipe da UFPB e UFCG, contamos com a participação de Roberto Véras e Mário Ladosky, ambos com experiência em assessorias sindicais na CUT e pesquisas sobre os metalúrgicos do ABC e de trabalhadores e camponeses no Nordeste. A equipe da Unifesp foi coordenada por Murilo Leal, historiador, especializado nos metalúrgicos de São Paulo. Posteriormente, uma nova equipe integrou-se ao projeto e era coordenada por Kimi Tomizaki, professora do Departamento de Educação da USP e com vasta experiência em pesquisas sobre o sindicato e os metalúrgicos do ABC. À frente da equipe da UFABC, coordenamos as atividades em conjunto com outros pesquisadores.

Após a divisão das atividades entre as equipes, nas reuniões que tivemos no Colégio Brasileiro de Altos Estudos, da UFRJ, no Rio de Janeiro, fizemos as primeiras incursões em campo no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Cientes do adensamento de literatura que tratou do sindicalismo que ali medrou e que ganhou proeminência entre as décadas de 1970 e 1980, o nosso interesse se voltava para o estudo das memórias dessas greves e de quem havia participado delas. Distante, pois, da pretensão de recontar a história das greves, já muito bem documentada por outros estudos, no desejo de inserir elementos novos nessa narrativa. Aquela experiência seria vista pelo prisma dos que viveram aqueles acontecimentos através de suas memórias, que, em nosso caso, privilegiamos relatos de mulheres Terreno pantanoso, porque vivo, que nos facultava o acesso ao conteúdo do vivido sob o efeito do tempo presente. E foi por esta via que encontramos o deslocamento das disputas, que antes operavam no terreno das lutas e formas de participação na militância, e agora se concentravam no registro das memórias; para dizer, quem poderia contar e o que poderia ser contado. “Contar” importava e parecia expressar um desejo de dizer o mundo no qual se vive, na mesma acepção de Berger e Luckmann (2004), ou, para os que trabalham com o tema da memória, “contar” era querer “durar” (Eckert, 2012). Passou a ser nosso objetivo compreender os códigos que organizam os discursos e definem situações.

A experiência de um projeto com a participação de vários pesquisadores propiciava, como trunfo, o cruzamento de matizes interpretativas. Sim, porque nas várias reuniões que fizemos com as equipes, ao longo de 2017, 2018 e 2019, os nossos textos foram sendo construídos coletivamente, alimentando-se das críticas e sugestões que estavam assentadas em diferentes perspectivas teóricas e metodológicas dos colegas. Nesse aspecto, gostaríamos, eu e Marilda, de deixar registrado a luminosa contribuição de Beatriz Heredia que, nessas conversas, e animada com os nossos primeiros achados nas entrevistas com as mulheres ex-metalúrgicas, foi generosa com as críticas e perguntas que guiaram o nosso olhar e forma de compreensão dos efeitos, na família e nas novas gerações, do processo de transmissão das memórias de militância e trabalho.

Estávamos na pista deixada por Souza-Lobo (2011) e Humphrey (1983) que já havia sugerido existir clivagens de gênero não apenas nos usos da mão de obra e no mercado de trabalho do setor automotivo e metalmecânico, mas sobretudo nos modos de autocompreensão da categoria metalúrgica em suas práticas coletivas, que subsumia as demandas das mulheres na categoria de “classe” e que, por essa via, reforçava desigualdades de gênero nas atividades de militância sindical. A novidade, em nosso caso, parecia ser a perenidade dessas clivagens no registro das memórias e nas formas de se narrar aqueles acontecimentos, uma “divisão sexuada das memórias” Piscitelli (2005).

No âmbito do projeto, promovemos dois encontros com os interlocutores da pesquisa, o primeiro em Carpina, Pernambuco, na sede da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (FETAPE), o segundo na sede da Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOSP). Ambos com trabalhadores canavieiros e metalúrgicos. Promovemos um conjunto de atividades como recurso metodológico para a exposição pública dos relatos e narrativas biográficas no suposto de que o encontro entre trabalhadores, militantes, sindicalistas e pesquisadores fosse um espaço frutífero de construção coletiva dessas memórias, possibilitando a emergência de aspectos menos evidentes e conflitos nos modos de narrar as greves históricas. A proposta deslocava a nossa posição no campo, ou ao menos se esforçava para tanto, e dava a eles e elas maior controle sobre o filtro proposto nas narrativas. Organizamos grupos de discussão e mesas-redondas em que os trabalhadores e trabalhadoras levantavam pautas e falavam de acordo com a sua experiência e trajetória de trabalho e militância.

O efeito de catarse deixava transparecer as tensões presentes nas formas de se narrar, por exemplo, a participação das mulheres, de trabalhadores que não ocupavam cargos de liderança na estrutura sindical e das famílias envolvidas, direta ou indiretamente, nas greves.

Imagem 1: Encontro com trabalhadores(as) rurais em Carpina-PE

Fonte: acervo do projeto

O compasso dos embates entre canavieiros e usineiros, de um lado, e metalúrgicos e as empresas do setor automotivo, de outro, não poderia ser reduzido ao gradiente das greves para indicar maior, ou menor, engajamento nas lutas. Quando fizemos a reunião com os trabalhadores na sede da FETAPE, nas paredes do salão onde ocorreram os encontros estava estampada em cartazes as fotografias de homens e mulheres assassinados por conta da militância. A pesquisa poderia ter início no cemitério, contabilizando os que tombaram violentamente pelo mandonismo imperante na plantation canavieira. É neste cenário que “contar” importa, porque assume a possibilidade de rearranjar não apenas os elementos factuais do passado que não aparecem no registro mais próximo do oficial, das instituições sindicais, mas igualmente as afetividades políticas associadas as trajetórias de trabalho e militância, como transmissão de “bens simbólicos emocionais” (Ansart, 2019) para outras gerações[3]. Um exemplo ajuda a ilustrar.

Imagem 2: Encontro com Metalúrgicos(as) em São Paulo/SP

Fonte: acervo do projeto

No encontro ocorrido em São Paulo, em uma das mesas que contou com a participação de ex-metalúrgicos e dirigentes sindicais, o pesquisador que atuava como mediador do debate informou, ao final das apresentações, que os presentes poderiam fazer suas perguntas aos que estavam na mesa. Comum nos eventos científicos que participamos, a proposta de colocar questões para os membros da mesa que deram depoimentos sobre as suas trajetórias não caiu bem. De súbito, um dos participantes levantou-se mais exaltado para dizer que não iria fazer “pergunta”, mas iria “falar”. A distinção no emprego dos dois verbos marcava também a posição de quem enunciava. “Perguntar” era conceder primazia à história que fora apresentada, “falar” era concorrer, disputar no mercado das versões a legitimidade do que iria ser contado. E foi esse o grande trunfo do projeto, dar consequência a essa interlocução como recurso para formular/pensar conjuntamente as questões da pesquisa.

Fica o convite para a leitura do livro e de outros arquivos da pesquisa disponível em:  http://www.memov.com.br/site/index.php/por-acervos/colecao-greves

Referências bibliográficas:

ANSART, P. A gestão das paixões políticas. Curitiba: Ed. UFPR, 2019.

BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 2004.

ECKERT, C. Memória e trabalho: etnografia da duração de uma comunidade de mineiros do carvão (La Grand-Combe, França). Curitiba: Appris, 2012.

HUMPHREY, J. Sindicato: um mundo masculino. Novos Estudos CEBRAP, v. 2, n. 1, São Paulo, p. 47-52, 1983.

LEITE LOPES, J. S.; HEREDIA, B. A. (orgs.). Movimentos cruzados, histórias específicas. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2019.

PISCITELLI, A. Tradição oral, memória e gênero: um comentário metodológico. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 1, p. 150–200, 2005. disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1683.

SANTOS JUNIOR, Jaime e MENEZES, Marilda A. de. Histórias de mulheres militantes na perspectiva dos(as) filhos(as): (des)engajamentos políticos. Educação & Sociedade. v. 42, 2021. https://doi.org/10.1590/ES.240824

SOUZA-LOBO, E. A classe operária tem dois sexos: trabalho, dominação e resistência. 2. ed. São Paulo: Perseu Abramo, 2011.


[1] PhD pela University of Manchester, professora visitante nacional sênior (Capes/PVNS) da UFABC desde novembro de 2012. Pesquisadora do CNPq, nivel 1C. email: menezesmarilda@gmail.com

[2] Professor do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPR. Doutor em sociologia pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP. Email: jaimesjr@ufpr.br

[3] Esta chave das paixões políticas acabou se constituindo em um desdobramento da pesquisa e que estamos investindo em um novo projeto (Santos Junior & Menezes, 2021).

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